Elas vêm, vão, não são de ficar muito – apenas o tempo de um cigarro, outras vezes o suficiente para corrigir uma rota condenada ao naufrágio. Em princípio dizem coisas desconexas, não dão muitas pistas, te levam para um lado e para o outro. Cabe a você se deixar seduzir e embarcar no jogo delas, de outro jeito não funciona, não queira ter o controle, verá o quão é inútil. Depois elas vão embora e te deixam com a sensação de que teve todas as chances do mundo para desperdiça-las caprichosamente. Elas nunca serão obedientes e passivas, não é da natureza delas. E se você reparar bem descobrirá que elas só lhe dão ordens que você não se importa nenhum pouco em obedecer e isto porque elas te conhecem bem, sabem das suas preferências, já vinham rondando a sua toca há semanas, não foi você quem as atraiu, elas vieram com suas próprias pernas – e que pernas!
As musas são mesmo assim. Não explicam tudo o que gostaríamos de saber, deixam no ar, gostam de fazer suspense, são peritas em charminho, conhecem bem as palavras que embriagam e as sussurram em seu ouvido como se fossem segredos nunca antes revelados com os quais precisam ter o máximo de cuidado. Eu me sento diante da máquina e as idéias fluem, estavam em mim só que adormecidas, esperavam o momento de ganharem o mundo – enquanto isso às minhas costas elas observam entre comovidas e excitadas como se não fossem elas as grandes responsáveis pelas palavras que brotam do papel. Acham que são somente o alvo delas. Ora, elas são o alvo, a mira, a flecha e até mesmo a velocidade do vento que lhe permitiu ser tão certeira.
Não é você quem escolhe quando baterão à sua porta pedindo para entrar. Nunca batem na porta, elas simplesmente entram, sem pedir nenhuma licença. Quando você se dá conta, uma delas já está em sua cama, como se sempre estivesse estado ali, há noites vocês fazem amor, o tempo não faz o menor sentido, seja uma odisséia seja um piscar de olhos, nunca se percebe sua eternidade sua fugacidade. Li numa enciclopédia que são nove. Clio, Euterpe, Talia, Melpômene, Terpsícore, Érato, Polímnia, Urânia e Calíope. Estranho, nunca me disseram que seus nomes eram realmente estes. Tínhamos mais o que fazer do que nos ater a meras formalidades. Ou os mitólogos inventaram ou azar o deles, nunca tiveram uma noite inspirada.
As musas são mesmo assim. Não explicam tudo o que gostaríamos de saber, deixam no ar, gostam de fazer suspense, são peritas em charminho, conhecem bem as palavras que embriagam e as sussurram em seu ouvido como se fossem segredos nunca antes revelados com os quais precisam ter o máximo de cuidado. Eu me sento diante da máquina e as idéias fluem, estavam em mim só que adormecidas, esperavam o momento de ganharem o mundo – enquanto isso às minhas costas elas observam entre comovidas e excitadas como se não fossem elas as grandes responsáveis pelas palavras que brotam do papel. Acham que são somente o alvo delas. Ora, elas são o alvo, a mira, a flecha e até mesmo a velocidade do vento que lhe permitiu ser tão certeira.
Não é você quem escolhe quando baterão à sua porta pedindo para entrar. Nunca batem na porta, elas simplesmente entram, sem pedir nenhuma licença. Quando você se dá conta, uma delas já está em sua cama, como se sempre estivesse estado ali, há noites vocês fazem amor, o tempo não faz o menor sentido, seja uma odisséia seja um piscar de olhos, nunca se percebe sua eternidade sua fugacidade. Li numa enciclopédia que são nove. Clio, Euterpe, Talia, Melpômene, Terpsícore, Érato, Polímnia, Urânia e Calíope. Estranho, nunca me disseram que seus nomes eram realmente estes. Tínhamos mais o que fazer do que nos ater a meras formalidades. Ou os mitólogos inventaram ou azar o deles, nunca tiveram uma noite inspirada.