A mulher com quem me deito
não é a mesma com quem acordo.
No meio da noite ela muda de suave
para selvagem
e me deixa no corpo sua fome,
seu grito, sua paixão
e depois quando o sol vem
e nos acalma
ela ainda me consome,
me rasga, me degusta
mas já não tem a mesma loucura
nem morde tão fundo
apenas passeia sua língua sobre minhas feridas
como se aprovasse meu tempero
mal sabe ela que do homem
com quem se deitou
não resta nem o cheiro.
foto: Ricardo Pereira/
modelo: Cátia Elétrica