quinta-feira, 17 de março de 2011

menor que liechtenstein

Têm noites em que não tenho ninguém, mas mesmo assim você vem, como se me contasse uma história para dormir, cada detalhe guardado, como suas unhas me arranhavam, como meus poemas a tocavam, podia estar num escritório fechada, sem ar-condicionado, mas sentia cócegas como se estivesse em paris. Nem sempre o que a gente sente faz sentido, quase sempre só faz sentido para nós, os outros nos olham espantados, parecemos loucos quando começamos a ser feliz e não conseguimos parar. Um dia me peguei querendo fundar um país em nossa cama, menor que liechtenstein, mais fácil de pronunciar, cuja fronteira somente a gente pudesse ultrapassar, um regime soviético baseado em lennon, não em marx. Ninguém vai embora por completo, há sempre a possibilidade de que possa voltar, como no filme que acabou de passar, brilho eterno de uma mente sem lembranças. Contar é uma forma de resistir, escrever é uma forma de guardar, se meus poemas a tocaram um dia, quem sabe ainda possam te tocar. Foto dela: Alice.

terça-feira, 8 de março de 2011

enquanto não conhecemos ninguém

A gente não volta, não exatamente, apenas sente falta e se pergunta por que não. Conheço tua cama, de que lado você dorme, como desperta de manhã, seu mau-humor nos primeiros minutos. Podemos ser só amigos, podemos ser mais do que isso, ninguém precisa saber que ainda nos vemos, que é só enquanto não conhecemos ninguém. Mas hoje eu não posso, amanhã até pode ser, então você tem um ataque de ciúmes, como aqueles que costumava ter, desliga, não quer mais saber. Minutos depois me liga de volta, diz que é uma louca, que não tem nada a ver, que está a minha espera, na hora em que eu quiser aparecer, mas não vestirá nada especial, mesmo que vestisse eu fingiria não perceber, tenho uma história para cada um de seus vestidos, para cada noite que despi você. Não precisa mais me mostrar o caminho, posso escrever um manual de como te enlouquecer, que parte de você prefere um carinho e onde posso morder. Mas nada será como antes, nem precisa ser, já tivemos amor o bastante, só queremos nos aquecer, ainda mais com esse friozinho que começou a fazer. Foto dela: Valeria.