sexta-feira, 15 de junho de 2007

da minha solidão até a sua cama

Enquanto mil demônios
circulam pela cidade,
eu sinto fome
de quem amo
mas não chamo pelo seu nome,
calculo quantos passos serão necessários
da minha solidão até a sua cama
e penetro sorrateiro
no pensamento dela.
Ela escuta minha fome
cada vez mais próxima
e se esconde
embaixo das cobertas
mas me deixa a porta entreaberta.

Enquanto mil demônios
não sossegam nenhum minuto
pela cidade,
eu entro
pela porta entreaberta
e me deito
ao seu lado
como um cúmplice
(enquanto mil demônios nos invadem).


poema e foto: Ricardo Pereira
modelo: Érica