sexta-feira, 8 de junho de 2007

meu nome no corpo dela

Ela disse que vinha. Eu resolvi esperar. Pode ser a qualquer hora: cedo, de dia, a noite, de madrugada. Deixo que ela decida. Sei que ela não vem só por festa, precisa mais é fugir um pouco de tudo, eu posso apagar as luzes e deixa-la dormir, vigiar seu sono, dizer que não se preocupe com nada enquanto estiver ali comigo, perdeu algo que não pode recuperar de volta, eu já estive na pele dela, não quero nunca mais estar – porque por mais que fujamos do assunto a dor permanece lá com a sua história inteira por detrás para nos contar.

Se ela quiser amor faremos, se ela quiser só conversar eu preparo um chá, comprei do sabor que ela gosta. Posso ser amante, posso ser amigo, posso ser o que ela precisar, não importa o nome que me dê nas horas em que fica comigo, não cobro dela nenhum tipo de resposta, tudo está por combinar. Vou ficar por perto esperando o momento certo que sei não é já – mas quando ela quiser se apaixonar eu digo que posso ser de verdade na vida dela, que basta ela acreditar.

No mundo dela eu sou um estranho, no meu ela talvez cause mais desordem. Faz tempo que não sigo as regras, nem me lembro direito como eram. Será que ainda tenho jeito? Tudo o que ela leva de mim é uma cumplicidade da qual ela nem se imaginava capaz – precisei de poucos minutos para despi-la, vi sua nudez mais do que qualquer outro homem antes de mim porque quando ela veio ela veio inteira. O que foi bom agora a assusta. Meu nome no corpo dela é dito baixinho. Ela me pede que guardemos segredo. Na frente das outras pessoas ela se faz de forte – não chora, dança e ri. Aqui comigo ela não se esconde assim.

foto: Ricardo Pereira/modelo: Cátia Elétrica