domingo, 1 de julho de 2007

meu filho brinca no vento

Para Maíra

“Meu filho brinca no vento. Têm os cabelos doidos e quer ser leve. A mãe não o quer aéreo como o pai. Convido-o para becos e meninas. Ele vem e tem um nome novo para tudo. Quando vai embora estou lambuzado de mel. Sozinho quero brincar com ele. Nada é da cor que ele gosta quando não está aqui. Tudo se transforma ao seu primeiro sorriso. Quero lhe explicar o porque de cada bicho diferente do que está nos livros. Ele se espanta que eu tenha barba. Está ficando velho e tem medo. Acredito que uma guitarra resolva o seu problema. Não sei o que a mãe lhe diz sobre mim. Nada do que derruba tem mais importância do que ele. Gosto quando me bagunça. Se eu pudesse sonhava assim todas as noites...”

Ela me ouvia atenta como se eu não fosse deste mundo. Talvez não seja mesmo e tudo não passe de uma experiência científica. Quer ter um filho comigo eu lhe perguntei. Nossos filhos serão melhores do que nós. De noite lerei Julio Verne. Pela manhã quando eu não estiver morto desenharemos mundos melhores. À tarde lhe ensinarei vários tipos de assobios.

Porque você não existe é que eu te amo, ela me explicou. E fomos embora da cama e dos nossos planos. Nunca quis ter um filho por isto perguntei. De mim herdará apenas a esperança no homem. De você este carinho pelos poetas e loucos.