segunda-feira, 16 de julho de 2007

música para os mais íntimos

para maíra bonilha

Gosto quando você me toca. Música para os mais íntimos. Perfeita como uma estrada sem volta e a gente indo. Não sei onde isto vai dar mas pretendo descobrir. Fui feito para a vida e não para me proibir. Você é nova, comete erros e já acha que é o fim. Nada mais presta, nada mais interessa, só quer fugir. Eu sento com você e explico que não é bem assim – primeiro chora, depois sorri; sei muitos outros carinhos, quer experimentar?

Entendi o seu pedido de socorro. Eu mesmo já gritei assim. Pareço calmo agora, no controle, mas isto porque já vi muita bomba explodir. Posso lhe contar sobre minhas cicatrizes de guerra mas prefiro convida-la para sair. Não quero ser só amigo mas nem por isto vou deixar de ser. Eu sou homem e você é linda – embora pareça surpresa quando eu lhe digo. Às vezes pensa que é só cortar os pulsos e ir dormir. Não, o mundo não é perfeito e não é você quem vai consertar. A revolução é muito mais aqui dentro. Uma questão de encontrar qual é o seu lugar. Eu já disse que tenho todos os discos que você precisa ouvir?

Eu sei que uma porta aberta é só entrar mas desta vez quero que seja diferente, cansei de apostar. Eu canto a liberdade mas também preciso de algo onde me agarrar. Finjo-me de forte para você vir correndo me abraçar. Parece que li todos os livros, percorri todo o mundo, tenho muitas histórias, você fica a tarde inteira me ouvindo depois me beija leve e quer mais. Mas, menina, sou eu quem estou “perdido” como há muito não me acontecia. Não importa o quanto já se viveu, sentiu e passou – a gente sempre volta a estaca zero quando o assunto é amor.
Foto: Silvia Montico/ modelo: Maíra Bonilha