Não gosto de acordar de um sonho bom. Prefiro minha cama com você. Nele você tinha todas as respostas, me abria as portas, me alimentava o coração e me cravava os dentes, agora estou aqui desorientado como quem tem pernas mas não sabe para o que servem. O telefone tocou mas não era você. Ninguém sabe do nosso código secreto – quantas vezes deve tocar para que eu possa atender: o número de letras do seu nome.
A vida me encheu de porrada. Sou um escritor frustrado, um jornalista cansado, um professor de regras, mas você não se importa com a minha barba por fazer depois de um dia pesado. Sabe que eu tenho poemas desesperados, típicos de um romântico envenenado e tudo o que você quer é esta intimidade dos corpos e das cabeças que erroneamente chamamos de amor quando deveríamos dizer cumplicidade – quer melhor que isto? Foto: Ricardo Pereira/modelo: A Fran de volta