quinta-feira, 5 de julho de 2007

queria que já fosse amanhã

Queria que já fosse amanhã. Quando você vem e tudo faz sentido. O dia de hoje o que me importa? Será inútil. Mesmo que eu não cancele os meus compromissos, que aceite alguns convites, estarei lá de corpo presente como se diz mas a cabeça longe longe. Escrevi um poema tão lindo e ninguém para ler. Vou guardar num lugar proibido até você achar. Sei onde suas mãos gostam de procurar.

Não gosto de acordar de um sonho bom. Prefiro minha cama com você. Nele você tinha todas as respostas, me abria as portas, me alimentava o coração e me cravava os dentes, agora estou aqui desorientado como quem tem pernas mas não sabe para o que servem. O telefone tocou mas não era você. Ninguém sabe do nosso código secreto – quantas vezes deve tocar para que eu possa atender: o número de letras do seu nome.

A vida me encheu de porrada. Sou um escritor frustrado, um jornalista cansado, um professor de regras, mas você não se importa com a minha barba por fazer depois de um dia pesado. Sabe que eu tenho poemas desesperados, típicos de um romântico envenenado e tudo o que você quer é esta intimidade dos corpos e das cabeças que erroneamente chamamos de amor quando deveríamos dizer cumplicidade – quer melhor que isto?
Foto: Ricardo Pereira/modelo: A Fran de volta