para cátia elétrica, musa e pantera
Eu só sei que não resisto. Ela pode ser só uma miragem que eu caio. Para mim não existe outra vida depois desta, nem céu e nem inferno, tudo que provoca, tudo que promete, precisa ser examinado de perto, experimentado na pele – de outro jeito que merda de literatura pretendo. Eu tenho anotado milhares de cheiros e erros, porradas e beijos, facas e dentes, sabores e farpas, nomes e sugestões de pauta, pimentas e refrescos, nada me escapa, nada me escapa. Posso identificar de qual veneno se trata só pelo tempo em que me mata. Estou rascunhando uma espécie de manual de caça, meu romance violento – violento e apaixonado.
E quanto mais selvagem mais me saliva a boca. Soube que ela escapou e tem fome. Intepreto isto como uma deliciosa ameaça. Pergunto nas esquinas, procuro pelas ruas mais vadias, nos becos escuros, pensões baratas. Espero a minha chance. Não tenho pressa nem outro livro para escrever – deixo que a minha barba cresça até ficar irreconhecível, armadilha é uma questão de experiência: paciência e ciência. Estudei seus hábitos, conheço sua espécie, principalmente do que se alimenta. Eu não tenho importância, sou só uma isca, ela que venha e me faça o serviço. Não posso descrever com riqueza de detalhes a beleza de uma fera senão em pleno ato – quando ela morde, arranha, estraçalha. Domesticada de que me serve? Foto: Ricardo Pereira/ modelo: Cátia Elétrica
Eu só sei que não resisto. Ela pode ser só uma miragem que eu caio. Para mim não existe outra vida depois desta, nem céu e nem inferno, tudo que provoca, tudo que promete, precisa ser examinado de perto, experimentado na pele – de outro jeito que merda de literatura pretendo. Eu tenho anotado milhares de cheiros e erros, porradas e beijos, facas e dentes, sabores e farpas, nomes e sugestões de pauta, pimentas e refrescos, nada me escapa, nada me escapa. Posso identificar de qual veneno se trata só pelo tempo em que me mata. Estou rascunhando uma espécie de manual de caça, meu romance violento – violento e apaixonado.
E quanto mais selvagem mais me saliva a boca. Soube que ela escapou e tem fome. Intepreto isto como uma deliciosa ameaça. Pergunto nas esquinas, procuro pelas ruas mais vadias, nos becos escuros, pensões baratas. Espero a minha chance. Não tenho pressa nem outro livro para escrever – deixo que a minha barba cresça até ficar irreconhecível, armadilha é uma questão de experiência: paciência e ciência. Estudei seus hábitos, conheço sua espécie, principalmente do que se alimenta. Eu não tenho importância, sou só uma isca, ela que venha e me faça o serviço. Não posso descrever com riqueza de detalhes a beleza de uma fera senão em pleno ato – quando ela morde, arranha, estraçalha. Domesticada de que me serve? Foto: Ricardo Pereira/ modelo: Cátia Elétrica