segunda-feira, 23 de julho de 2007

uma garota como tantas outras

para você fernanda

Eu descobri você e acho que você nem fazia idéia de que existia. Estava perdida no mundo, andando como todos, naquela pressa meio a contra-gosto que faz a roda girar. Logo vi que deveríamos conversar, escolhemos um canto da festa onde a música chegava mais suave e você demorou a entender que eu não estava ali apenas para lhe beijar. Tudo bem que eu aproveitei o que você quis me dar mas nunca que eu me perdoaria se você fosse embora apenas sabendo que gosto têm a minha boca. Há muito que eu lhe procurava, sabia que você existia em algum lugar, uma garota como tantas outras, diriam se a visse.

Amor é muito simples e não se trata somente disso. Eu já fiz tudo o que tinha para fazer de errado e você é marinheira de primeira viagem – conheceu alguns homens mas sente que nenhum homem a conheceu. Seus olhos são lindos e eles pararam nisto, não foram muito além. Então você foi desanimando, colocando a culpa onde não devia, fazendo piada daquilo que lhe fazia mal, para os seus amigos você era a que estava sempre de bem com a vida, todo mundo tinha problemas e você sorria, deixava o que sentia para as suas poesias. Eu sei que você têm um monte delas escondida em algum canto do seu corpo. Pergunta como eu sei de tudo isto. Ora, metade do que eu escrevo nasce assim – como um soco na boca do estômago.

Durante um tempo lhe ensinarei o que falta e você falará de mim como se eu fosse forte, intenso. Ninguém entenderá esta mágica porque meus truques não funcionam com todos. Em todo o caso, os dias serão os mesmos, sol de manhã e lua de noite, não se notará a diferença, ficará apenas entre você e eu como uma sorte que tivemos e guardamos segredo.
Foto: Ricardo Pereira/modelo: Cátia Elétrica