Ganhamos mais uma noite. É só no que quero pensar. Você diz “fica” que é muito mais difícil, reconheço, do que dizer “vá embora”. Foi por impulso eu sei, instintivo talvez, necessidade de ter onde se agarrar, chame como quiser: amor, pavor, falta de ar – aceito o nome que quiser dar. Não foi nos conhecendo bem que chegamos até aqui, foi dizendo o que o outro queria ouvir, mas isto não deveria ter tanta importância assim, o melhor que fazemos é nos concentrar no gosto bom que tem. Já imaginou como seria insuportável a vida sem um pouco deste doce na boca vez ou outra?
É verdade, eu poderia ser qualquer homem, qual não gostaria de saber o que só eu sei agora?, mas você também poderia ser qualquer mulher, conheço algumas a esta hora da noite, mas não é quem poderíamos ser nem com quem poderíamos estar que conta nesta hora – mas o jogo que nos deixamos jogar e se assim o fizemos tem a ver com o frio que faz lá fora, com a dificuldade que temos de pronunciar certas palavras, tem a ver com nossos corpos e como eles ardem e até com algumas ilusões que preservamos apesar de tudo o que já descobrimos a respeito delas, tem a ver com não sabermos enfrentar nossa solidão de outra forma. Precisamos deste beijo, deste abraço que diz ‘tudo bem, estou aqui com você’, fazermos amor e conversarmos sobre a cor dos seus olhos o meu cabelo bagunçado.
Estamos sempre falando de um paraíso que não existe, de uma idéia errada de paraíso mais do que tudo. Estamos sempre querendo que isto se transforme em algo que não é, talvez mais fácil de controlar, queremos que a certeza se instale por decreto, que caia do céu e seja abençoado, pulamos a parte do suado, do sangrado, do chorado, não respeitamos mais o que há de belo de necessário em ainda se poder cometer erros; em sabermos que o mundo não acaba por tão pouco; em sentirmos que não importa que o outro não nos entenda por completo; em termos consciência de que ferimos mesmo quando não queremos; em estarmos aqui, você, eu, sem que isso precise ter um nome, um fim, um objetivo maior do que dizer, ouvir, tocar, sentir. Foto: Ricardo Pereira/ modelo: Duda.
É verdade, eu poderia ser qualquer homem, qual não gostaria de saber o que só eu sei agora?, mas você também poderia ser qualquer mulher, conheço algumas a esta hora da noite, mas não é quem poderíamos ser nem com quem poderíamos estar que conta nesta hora – mas o jogo que nos deixamos jogar e se assim o fizemos tem a ver com o frio que faz lá fora, com a dificuldade que temos de pronunciar certas palavras, tem a ver com nossos corpos e como eles ardem e até com algumas ilusões que preservamos apesar de tudo o que já descobrimos a respeito delas, tem a ver com não sabermos enfrentar nossa solidão de outra forma. Precisamos deste beijo, deste abraço que diz ‘tudo bem, estou aqui com você’, fazermos amor e conversarmos sobre a cor dos seus olhos o meu cabelo bagunçado.
Estamos sempre falando de um paraíso que não existe, de uma idéia errada de paraíso mais do que tudo. Estamos sempre querendo que isto se transforme em algo que não é, talvez mais fácil de controlar, queremos que a certeza se instale por decreto, que caia do céu e seja abençoado, pulamos a parte do suado, do sangrado, do chorado, não respeitamos mais o que há de belo de necessário em ainda se poder cometer erros; em sabermos que o mundo não acaba por tão pouco; em sentirmos que não importa que o outro não nos entenda por completo; em termos consciência de que ferimos mesmo quando não queremos; em estarmos aqui, você, eu, sem que isso precise ter um nome, um fim, um objetivo maior do que dizer, ouvir, tocar, sentir. Foto: Ricardo Pereira/ modelo: Duda.