domingo, 19 de outubro de 2008

acharás entre as páginas de um livro...

... e não saberás se é a ti que me dirijo

Se eu morresse, como saberias da minha partida? Alguém te avisava, ou um telefonema não atendido faria as vezes de alguma voz. Os dias continuariam, iguais a tantos outros, mesmo que eu já não fizesse parte deles. A vida mostrava-te a sua não necessidade das minhas palavras. Talvez chorasses, mas não muito, porque sabes que prefiro quando sorris. E contrariavas-te, a tentar sorrir só porque me pensavas atento a ti, noutro lugar onde eu estivesse, que nem sabes que lugar é esse, nem isso interessa. Queria apenas que, por cima das minhas cinzas, porque quero ser cremado, plantasses uma árvore, uma qualquer. Podia ser uma amoreira, para que, em novembro, um pouco de mim te alimentasse. Foto: Penélope Charmosa.