Em matéria de sexo os homens não passam de uns garotinhos. Eu tenho aqui um corpo cheio de possibilidades e eles só puseram a mão em metade. Ora, metade, estou sendo muito otimista, uns dez porcento, o resto eles nem sabem, nem fazem idéia, acho até que nem agüentam. Os delicados, os sensíveis, os poetas vêm cheios de bajulação, colocam você num pedestal, a maior parte do que dizem a seu respeito dizem porque gostam daquelas palavras, não se referem a você, mas a todas as mulheres que eles conheceram e ‘endeusaram’. Endeusaram a ponto de não conhecerem mulher nenhuma de verdade, só a imagem que projetaram dela na folha de papel em que a deitaram e fizeram amor. Os machões, os safados, os que se acham grande coisa, aprenderam sobre sexo vendo filmes pornográficos, não fizeram outra coisa na sua adolescência, ler um livro para eles era coisa de bichinha e aí você pede peloamordedeus que não abram a boca porque são uns tapados, tudo o que fazem é exibir seus bíceps, são uns tarados por si próprios, comeriam a si próprios se pudessem, meteriam seus ‘meninos mal-criados’ no próprio rabo se pudessem, mas na hora do ‘vamos ver’ negam fogo, isto nunca lhes aconteceu antes, vão dizer. As mulheres, ah as mulheres são uma irmandade secreta, elas entram em você por corredores pelos quais até você desconhecia, quando você se dá conta já estão decifrando todos os seus códigos, falando de deus no seu íntimo, não subestimam um centímetro do seu corpo que seja, tiram música de cada um deles. Imagem: Edward Hooper, A Woman In The Sun, 1961.
“28” – assim como “Meu café já está no fim”, “Amarelo fica muito bem em você”, “A Vida em três ou quatro linhas”, “Em Alguma Daquelas Janelas”, “No que estará pensando”, “O Velho Cinema” e “Às quatro da manhã”, publicados anteriormente aqui neste blogue – faz parte de uma série de pequenos textos que escrevi inspirados nas telas do pintor norte-americano Edward Hooper cuja influência sobre este blogue não se limita a estes textos mas espalha-se pelos demais com maior ou menor intensidade e também pelas fotos que ilustram muitos deles.
“28” – assim como “Meu café já está no fim”, “Amarelo fica muito bem em você”, “A Vida em três ou quatro linhas”, “Em Alguma Daquelas Janelas”, “No que estará pensando”, “O Velho Cinema” e “Às quatro da manhã”, publicados anteriormente aqui neste blogue – faz parte de uma série de pequenos textos que escrevi inspirados nas telas do pintor norte-americano Edward Hooper cuja influência sobre este blogue não se limita a estes textos mas espalha-se pelos demais com maior ou menor intensidade e também pelas fotos que ilustram muitos deles.