Não é porque você não me deu uma chance antes que eu não vou te dar a tua – não guardo rancor, só amor. Estou errado em ser tão indulgente? O que importa é que antes eu só te sonhava nua e que agora meu sonho se realizou; o resto me é indiferente. Desculpa se quero aproveitar cada segundo, se nunca te quiseram tanto assim, é que eu cheguei a pensar que nunca te teria e aqui está você diante de mim. Pode ser que você não me queira exatamente, que esteja apenas se esfregando em algo quente, mas se tuas razões não estão claras, as minhas estão mais do que evidentes. Mas não pense que sou de sufocar, gosto de você esta noite, não sei se será assim para sempre, se uma manhã não acordarei sentindo que já tive o suficiente? Não se preocupe em explicar por que fez pouco do que eu sentia anteriormente, só se eu fosse um tolo para dar mais importância ao passado do que ao presente. Digamos que você se atrasou, que pegou o caminho errado, importa que fizemos amor, que eu não me arrependo de ter esperado. Foto dela: Rebeca.
domingo, 13 de outubro de 2013
domingo, 15 de setembro de 2013
"te soltar mesmo querendo te prender"
Fomos fazendo as nossas próprias regras, “te soltar mesmo querendo te prender” é uma delas, o que me faz conviver ao mesmo tempo com a sensação de que estará por perto sempre que eu precisar e a de que nunca terei realmente certeza disso. Mas saberíamos ser de outra maneira? – pergunto-me quando você demora mais do que eu gostaria e também quando chega de repente sem avisar que vinha. É que ás vezes é como se lesse meus pensamentos, outras como se nem estivesse me ouvindo, ainda estou aprendendo a interpretar os sinais, temo conhecê-los todos tarde demais. Mas você diz que isso é o de menos, que devemos nos concentrar no que estamos vivendo, não no que nos tornaremos, se um dia seremos como os outros casais. E pensar que foi justamente por não querer ser como os outros que fomos fazendo as nossas próprias regras, das quais às vezes me arrependo, não tenho certeza mais. É que a liberdade é um desafio, assim como o amor sob seu crivo: se te prendem te tiram o direito de querer ficar, mas se te soltam compreende o que te faz voltar. Foto dela: M.B.
domingo, 25 de agosto de 2013
tudo se transforma
Gosto de pensar que os amores vão se acumulando dentro da gente, que o que sentimos nunca se perde, torna-se parte de nós, algo latente. Não falo de alguns amores em especial, falo de todos indistintamente, sejam aqueles que tiveram o seu tempo, sejam aqueles interrompidos precocemente. Lavoisier dizia “na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”, penso que com o amor não é diferente, toda história nova que se inicia tem algo da que passou presente. O corpo aprende com o amor, nossa boca com todas as bocas que se beijou, nossas mãos mesmo com aquelas mãos que se soltou, os braços, a pele e assim por diante: cada mulher que me amou me tornou melhor amante. O que você gostou de ontem a noite peguei emprestado de outras noites, fui juntando os pedaços, posso até esquecer com quem aprendi, não o aprendizado. O que você gostou em mim vem deste meu passado, não faz sentido sentir ciumes do que me foi deixado, do que está em cada um dos meus gestos, atos, movimentos para cima e para baixo. E como os amores que se acumularam anteriormente, o seu também resistirá a gente, se tornará parte de mim, algo para sempre. Foto dela: M.B.
domingo, 30 de junho de 2013
você veio
Não pensei que viesse, embora tivesse, claro, esperança, afinal, depois de tanto tempo pinta a desconfiança de que talvez já fosse passado, que não desse as noites que tivemos a mesma importância que ainda dou, por isso guardei seu número, imaginava que isso pudesse acontecer, que um dia mais do que te rever quisesse de volta o que 'acabou'. Mas não queria interromper nada, se estivesse em outra me desculparia, um misto de curiosidade e saudade me movia, de saber como estava, se a gente ainda 'podia'. Não pensei que reconheceria minha voz, embora tivesse me ouvido dizer tantas vezes o que sentia, será que guardou minhas poesias?, queria incluir muitas delas numa antologia, nunca fui tão explícito, nunca fui tão bonito como naqueles dias; podia fingir que estava ocupada, eu entenderia, mas você conversou comigo ‘durante horas’ como se fosse algo que há muito queria, combinamos que viria, que daria uma passada, sem pressa, quando pudesse, quando quisesse, eu te esperaria. Você veio, para minha surpresa, para minha alegria, como quem muda seus planos para aquele dia, como quem se veste para uma ocasião que há muito não se vestia, como quem se despe para quem há muito não se despia. Foto dela: Ana Martin.
quinta-feira, 30 de maio de 2013
ela não queria se envolver
Ela não queria se envolver, foi a primeira coisa que me disse, foi assim que nos conhecemos, mas isso é algo que não se pode prever. Deixei que ela expusesse seus argumentos, não me opus, aceitei o que esperava de mim e as noites foram se sucedendo assim: sem necessidade de mais nada a não ser o que me dava e que eu procurava corresponder. No fim de algumas semanas estávamos cada vez mais ligados, ela ainda se prendia ao passado, não se soltava dele e desatava a correr, eu como de hábito preso ao presente, como acredito que ‘gostar’ tem de ser, mas isso era algo que não se discutia, simplesmente vivia-se, até onde desse, até quando a gente se quisesse, até quando deixasse de se querer. Ela não queria se envolver, eu não queria que ela fizesse nada que não quisesse, por isso fomos deixando acontecer, ao sabor do tempo, como se cada momento fosse em si mesmo e em si mesmo pudesse nos satisfazer. Há uma semana do dia dos namorados, ela não sabe se me compra algo, eu como a chamo, mas isso é algo que não se põe na mesa, mas espalha nossas roupas pelo chão, sem necessidade de “eu te amo”, sem necessidade de explicação. Foto dela: Lizie.
sábado, 30 de março de 2013
só pensando como foi bom
para M.
Respeito o que eu sinto, gostaria que você fizesse o mesmo, se desconhece a força da correnteza não diga nada que possa romper uma represa. Hoje eu acordei na sua cama, só pensando como foi bom, você me ame ou não. Não é difícil, para mim, levantar e me vestir, tomar um café se tiver e sair – como se tudo já estivesse acertado entre a gente, desde ontem, desde sempre. Aceito o que me dá, se desse jeito é mais transparente, só não me peça para ficar sem saber exatamente o que sente. Prefiro não complicar, se gostei quero de novo, gostaria que quisesse o mesmo, nem que fosse só mais um pouco. Não precisa ser importante, não precisa ser mais do que isso, o que queremos pode ser simples, não envolver qualquer sacrifício. Não quero confundir sua cabeça, dizendo mais do que desejo, para ter você em minhas mãos como a um brinquedo, gostaria que fizesse o mesmo. Eu não me importo que me veja só como um corpo, faço uso de mim como bem entendo, sou eu quem decido, no fim, se parto ou se me rendo. Hoje eu acordei na sua cama, só pensando como foi bom, gostaria que sentisse o mesmo, eu te ame ou não. Foto dela: Lara.
domingo, 17 de março de 2013
para começar numa outra cama
O que é ‘bom’ no amor é que ele acaba – para começar numa outra cama. Aprendi isso um milhão de vezes, por isso não faço drama: se ela não me ama não me ama, é um direito dela, é um direito meu, não faz sentido manter vivo algo que já morreu. Todo mundo quer que dessa vez seja diferente, mas não é porque não foi para sempre que não valeu, penso nas noites que tivemos, cada beijo que demos, tudo o que aconteceu, ali no quarto escuro, não pensávamos no futuro, tínhamos mais o que fazer, e fizemos o que queríamos – e porque fizemos o que queríamos fizemos com prazer. Todo mundo quer que dessa vez seja especial, mas não é porque chegou ao final que deixou de ser, penso em todos os poemas que me fez escrever e que um dia voltarei a ler, para outra que me lembre ela, para outra que não tenha nada a ver. O que não tem hora para terminar não tem hora para começar e entre uma história e outra pode ser que faça frio, mas se o verão não é eterno, também não o é o inverno, aprendi isso um milhão de vezes, por isso não faço drama: o que é ‘bom’ no amor é que ele acaba – para começar numa outra cama. Foto dela: Tamara.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
hoje eu queria te dizer isso
Hoje eu queria te dizer isso, mas não sei como irá interpretar, é que você vai ser uma mulher incrível, te olho e vejo quem está para se tornar. Era nisso que eu pensava quando você me perguntou o que eu tanto olhava, parecia que via qual era o teu destino e nele me procurava – ah, como eu gostaria de estar lá. Pode ser que até esteja, talvez não como desejo, por isso que cada beijo seu me é tão precioso, porque não sei até quando vai durar. E de onde vem tudo isso? Essa minha previsão? Vem dos livros que tem lido, das conversas que temos tido, das vezes que pensamos parecido e até quando não – porque você faz questão de ter a sua própria opinião e isso de querer ter a sua própria opinião me dá uma vontade ainda maior de te beijar. Porque presencio o seu amadurecimento, como vão melhorando os seus argumentos, como questões que antes nem se fazia vão ocupando pouco a pouco o seu pensamento. Era nisso que eu pensava quando você me perguntou o que eu tanto olhava, lembrava a timidez no primeiro jantar, como nem me encarava, até hesitava antes de falar, tão diferente dessa que me olha nos olhos e cita Simone de Beauvoir. Hoje eu queria te dizer isso, mas não sei como irá interpretar. Foto dela: Tamara.
domingo, 20 de janeiro de 2013
tudo o que é sólido desmancha no ar
Até gosto de uma certa ordem, dos meus livros todos no lugar, para quando eu tiver alguma dúvida sobre “quem disse isso mesmo” saber onde procurar, mas a você dou essa liberdade que se concede apenas às crianças e ao vento de tudo bagunçar. Até gosto de um certo silêncio, de poder ouvir dos meus pensamentos ao barulho de uma agulha que cai num outro aposento, mas quem disse que para o seu violão eu não abro uma exceção? Até gosto de uma certa rotina, da minha vida perfeita só que não, de saber onde me encontro, como me acho, mas vem você e põe minha agenda abaixo, então sou eu quem me encaixo no seu dia-a-dia como um verso numa poesia. Até gosto de uma certa solidão, de parar tudo o que estou fazendo, de um momento de reflexão, mas prefiro que não se afaste muito, que seja só esticar o braço, apenas estender a mão. Até gosto de um certo equilíbrio, entre o que sinto e digo, o que penso e revelo, mas diante de você não consigo ser assim tão austero – não consigo e nem quero. Foto dela: Denise.
Assinar:
Postagens (Atom)