Ela não queria se envolver, foi a primeira coisa que me disse, foi assim que nos conhecemos, mas isso é algo que não se pode prever. Deixei que ela expusesse seus argumentos, não me opus, aceitei o que esperava de mim e as noites foram se sucedendo assim: sem necessidade de mais nada a não ser o que me dava e que eu procurava corresponder. No fim de algumas semanas estávamos cada vez mais ligados, ela ainda se prendia ao passado, não se soltava dele e desatava a correr, eu como de hábito preso ao presente, como acredito que ‘gostar’ tem de ser, mas isso era algo que não se discutia, simplesmente vivia-se, até onde desse, até quando a gente se quisesse, até quando deixasse de se querer. Ela não queria se envolver, eu não queria que ela fizesse nada que não quisesse, por isso fomos deixando acontecer, ao sabor do tempo, como se cada momento fosse em si mesmo e em si mesmo pudesse nos satisfazer. Há uma semana do dia dos namorados, ela não sabe se me compra algo, eu como a chamo, mas isso é algo que não se põe na mesa, mas espalha nossas roupas pelo chão, sem necessidade de “eu te amo”, sem necessidade de explicação. Foto dela: Lizie.