sábado, 15 de novembro de 2008

para você

A verdade é que nem tudo é uma história da qual você se livra fácil. Fica o peso e o sentido que fazia. Aquilo que por menor que fosse tomava conta do seu mundo, colocava um pouco de ordem, vida dentro de você, justificava porque respirar. Aliás, ela me apareceu por aqui ontem no começo da noite, veio com a desculpa esfarrapada de que queria um livro emprestado. Era tão esfarrapada que ela foi embora de manhã e deixou o livro aqui. E eu nem sei por qual motivo (ou até sei mas não quero descobrir) fiquei ali horas folheando o que escolhera. Como se lesse para ela. O que nunca mais fiz.

É bastante silencioso aqui. Não havia reparado antes. Ainda pouco achei que era seu violão no jardim ou algo bonito que ela leu e correu vir me contar. Não, nada se moveu, tudo permanece onde está. O que ela tirou do lugar eu achei melhor arrumar. Não se usa mais escrever cartas, por isto comecei uma e parei, ela nem vai ficar sabendo, mas estava tudo lá, o que era real e o que era só poesia para ela se apaixonar.
Foto: Ricardo Pereira/modelo: Kel.