domingo, 4 de novembro de 2007

amor

“...Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,/ reúne alma e desejo, membro e vulva...” (Carlos Drummond de Andrade)

Ao olhar o seu corpo em frente ao espelho – e o espelho sou eu, deitado sobre a cama, a tocar-me – sente como o tempo ficou quente agora que se inicia o inverno e sorri, maliciosa, com as mãos bem abertas sobre os seios. Teria, provavelmente, algo para me dizer, mas só se solta de entre os lábios um suspiro alongado de prazer e perversidade.

Ao olhar o seu corpo junto ao meu – e eu sou este homem aqui, à espera, descentrado na fotografia – sabe que mais um dia passou, e que será também num dia como o de hoje que sentirá o meu membro ereto a invadir-lhe a vagina e a deliciar-se, molhado, na sua abundante excitação. Ao pensar nisso, provavelmente, só um suspiro, ainda mais alongado, se solta de entre os seus lábios mordidos.

Ao olhar o seu corpo nesta cama por fazer – e esta cama é apenas o que resta de todo o sexo apaixonado que fizemos de manhã – imagina que muitas outras manhãs, tardes e noites se seguirão com os nossos cheiros integrando-se num só perfume. Imagina também que o poder de dois corpos, de duas almas que se querem e se perseguem, dificilmente pode ser quebrado quando reunido assim, intensamente, e provavelmente terá toda a razão.
Foto: Ricardo Pereira/ modelo: Bruna S.