Foi
bom que acabou. A gente era amigo, mas já não dava. Eu não queria, mas te
sufocava. Você não sabia, mas me pesava. E pensar que já fomos tão leves que
qualquer ventinho nos levava para longe, para uma festa só nossa, onde a gente se
bastava. Por isso não há dor, porque nos queremos bem e entendemos que isso só
é possível assim, pondo um fim ao que se arrastava. Não desapareceremos da vida
um do outro, frequentamos os mesmos lugares, durante um tempo estaremos sob
todos os olhares, acharemos até graça. Diremos que nada se quebrou, nada se
partiu, apenas cansou, o mais que pode resistiu. Hoje a noite fará frio, amanhã
idem, mas daqui algumas semanas, será outra pessoa na nossa cama e nós seremos
outra também. Por isso não há desespero, isso acontece o tempo inteiro, com a
gente foi tantas vezes já, quando se é mais jovem acha-se que não vai superar,
mas vivendo e aprendendo. Eu quero te ver rodando de novo, te conheci caixeira,
tocando “moça namoradeira” da Lia de Itamaracá. Não tinha visto nada mais
bonito e ainda acredito que não há. Por isso não há tristeza, quando eu me
solto e você se solta. Foto dela: Berta Z.