Ela estava casada quando a conheci, por isso não disse nada, guardei pra mim o que senti, creio que fiz o que era certo, há certas regras que eu não sei romper, aquela era uma delas, o que ela tinha me parecia seguro, o que teria comigo não, pensei mais nela do que em mim, adultos são assim, por isso mantive-me a distância numa espera sem perspectiva e nessa espera a esqueci. O desejo nunca deixou de existir e eu até podia falar dele sobre ela como algo natural entre um homem e uma mulher, mas achei melhor não, aquilo poderia nos mudar, nos afastar em definitivo, e lá no fundo eu tinha uma esperança de que um dia tudo seria resolvido – um dia ou uma noite tanto faz, por isso fiquei em silêncio sobre o que queria e naquele silêncio não nos falamos mais. Não queria admitir, por mais egoísta que possa parecer, que estive a espera dela, a espera de que aquela história dela chegasse ao fim, mas não fiz nenhum esforço para que isso acontecesse, não queria aquela responsabilidade, perdi seu número, todos os seus contatos, só não mudei de cidade e pela cidade nos esbarramos anos depois: ela separou, está sozinha, aliás, os dois. Foto dela: Greta.