sábado, 9 de maio de 2009

a juventude dela

Ela mentiu sobre a idade. Disse que já estava na faculdade, deu o nome de um curso com o qual sonhava. Gostei dos livros que dizia ter lido, parecia verdade. Quis levar ela comigo, fazer a minha parte até que o mundo se torne grande demais e nos afaste. Um dia ela vai me telefonar de longe. Um dia ela vai perder meu número. Eu terei me aquecido por algumas noites, nunca espero mais do que isso. O amor não pode ser algo no qual você se agarra quando ele vai embora. O amor é algo no qual você acredita quando beija, toca, recebe de volta. A juventude dela é um privilégio que me foi concedido. Não verei no que ela se transformará, mas fecho os olhos e imagino, com que corte de cabelo e em que vestido. Até o filme que está passando atrás. Mas voltemos à Terra, onde os pés estão, antes que eu me perca, antes que eu a perca, soltemos as mãos. A música estava alta demais, não entendia metade do que ela dizia, mas depois de alguns segundos não era no que ela dizia para me impressionar que eu me concentrava, mas em como seus lábios se moviam e quanto tempo demoraria para num beijo deixá-la sem ar. Naquela noite eu disse que voltaria. Na manhã seguinte ela colocou algumas roupas e cedês na mochila e só teve que esperar dez minutos na esquina onde ficamos de nos encontrar. Foi o tempo de esvaziar algumas gavetas. Foto: Ricardo/ dela: Renata.