Andei nos procurando pelas ruas onde passamos, voltando de uma festa, indo para a nossa. Ríamos alto, não nos importava, tudo o que havia ao nosso redor se ali estava era por nós, para nós, era assim que eu me sentia, era assim que você me fazia sentir. Perguntei se nos viram nos bares onde íamos, descrevi a roupa que vestíamos na última noite em que saímos, se eu soubesse não tinha pedido para ir embora, levantaria e começaria a dançar. Você fez uma lista dos livros que eu deveria ter lido aos vinte anos, encontrei no bolso de um casaco, vibrei quando vi que era a sua letra, pensei que era um poema que havia me esquecido e, pensando bem, talvez seja: vou começar pelo caio fernando, quero recuperar o tempo perdido, leio alto como se estivesse me ouvindo, queria lhe contar tudo o que estou sentindo a cada página que termino, quem sabe escrevo uma carta e até ponho no correio, faço uma camiseta, reuno uns amigos e te convido, coloco cordas novas no violão e componho uma canção. De amor como seus bilhetes na geladeira. Eu ainda tenho esperanças no elevador, quando aperto o sete e ajeito o cabelo, antes quando abríamos a porta tudo parecia a nossa espera, mas encontro a casa exatamente como a deixei, tão diferente da bagunça que a gente era. Foto dela: Tay Gomes.