
Já parou para pensar que você faz o mesmo caminho todos os dias e que coloca o relógio para despertar na mesma velha hora e que não raro vai para a cama com a cabeça e o corpo cheios de idéias quer elas tenham alguma chance ou não de acontecerem na ‘sua’ vida? É porque a gente sabe que é capaz de mais, de muito mais, e o mundo, no fim, só quer que você faça a sua parte, que faça a roda girar e morra depois, tudo tão simples e tudo tão feito para ser deste jeito que a gente acaba achando que escapar deve ser um delírio, uma utopia, que do outro lado do muro deve ser uma selva terrível. Mas e se o ‘seu’ Deus for bonzinho e não castigar porra nenhuma? De que vai adiantar ‘cê ficar se policiando? Eu só sei que eu estou pintando uma bandeira e que vou para a rua defendê-la, não tenho tempo para uma outra vida que não seja assim apaixonada. Aceitamos adesões.
Porque tudo é uma enorme possibilidade foi que eu me aproximei. Porque tudo pode ser dito de uma outra forma, pela gente mesmo, mais tarde, foi que eu deixei o meu ‘canto’, quis perguntar, quis saber porque não a conhecia ainda sendo você tão linda, sendo você tão capaz de me prender a atenção, de me tirar do chão. É porque a gente está sempre passando milhões de vezes pela ‘nossa’ turma no mundo e esquecendo de arriscar um “quais são os seus planos para os próximos vinte anos?” que parece que nada acontece, que o mais correto é andar na linha e esperar que tudo se providencie naturalmente, para que o restante da sociedade, os mais velhos, aprovem as nossas escolhas mesmo que nós não as aprovemos – “olha, eu estou dizendo que acho que a gente deve brigar por cada coisa que acreditamos mesmo que nos digam, insistam, que será inútil” e você me ouvia como se esperasse por aquilo há anos. E é porque é simples de dizer que eu dizia e não porque mudaria o mundo se eu dissesse. Foto: Renata Punk, Maitê My Love, 2007.