“...as pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra...” (de Caio Fernando Abreu, em Morangos Mofados)
A gente tem fome. Vive-se bem com uma desculpa dessas. Quantas vezes eu já não a usei – quantas vezes você já não a usou. Eu assinei e você também assinou: “adeus à inocência”, dizia o contrato e nem era nas letras pequenas. Quando a gente diz não soa cruel mas quando é o outro que joga isto na nossa cara a gente percebe o quanto tem somente se arrastado de um lado para o outro em busca de “alimento”. Não é uma questão de se vender barato. Olha ao seu redor, nem precisa ter critérios muito rigorosos, as últimas safras não são das melhores. É pegar ou largar. Eu pego mas não vejo a hora de largar, enquanto isto brinco o jogo como se não conhecesse suas regras, como se não fosse responsável pelo seu conteúdo, como se não soubesse que tem volta.
Eu mordo, mastigo bem, a carne é dura, a idéia é que é macia. Sei que com o gosto “dela” nunca mais, por isto não me arrependo se cuspo fora depois, vá corromper outro eu digo. Eu falo mas só ajudo a espalhar o veneno – condeno, protesto, mas faço parte da mesma epidemia, todo mundo faz, acho que é tarde demais. Isto tudo que você chama de Ricardo Pereira é só nostalgia romântica. No íntimo eu sou um vira-lata. Vida-poema é só um nome mais elegante para vida-barata. Literatura do vivido? Vive-se e morre-se disso – esta a grande verdade. Não tem mais nada que eu não saiba e isto que chamam de experiência, de sabedoria, não tem a menor graça. Daria tudo para ser passado para trás pelo velho e idiota amor – logo eu que comecei a fogueira. Tive meus motivos, afinal quem entre vocês pode me dizer que sabe o quão profundo o seu punhal pode nos rasgar? Eu sei, eu tenho toda a resposta que eu preciso... para mim eu sou o único Deus, para mim eu sou todos os parâmetros, para mim eu sou todos as teorias na carne...
Agora eu quero nascer de novo e não consigo. Eu não vejo o azul que é o mar eu apenas prevejo os perigos. Eu sei o que me espera desde já por isto entro na selva mais violento que qualquer fera de lá. Eu devia estar nu, puro, o bom selvagem, como vim ao mundo (mas estou armado até os dentes, pintado para a guerra, o próprio homem-bomba) para que quando falasse em “amor” novamente pensasse em algo que não sei como funciona, como se pronuncia nem quanto tempo dura, porque é só assim que ele pode ser – enquanto isto não reinicia em mim só faço enganar o estômago com tudo o que é fast-food. Foto: Ricardo Pereira/modelo: Maíra pagando de vampira.
A gente tem fome. Vive-se bem com uma desculpa dessas. Quantas vezes eu já não a usei – quantas vezes você já não a usou. Eu assinei e você também assinou: “adeus à inocência”, dizia o contrato e nem era nas letras pequenas. Quando a gente diz não soa cruel mas quando é o outro que joga isto na nossa cara a gente percebe o quanto tem somente se arrastado de um lado para o outro em busca de “alimento”. Não é uma questão de se vender barato. Olha ao seu redor, nem precisa ter critérios muito rigorosos, as últimas safras não são das melhores. É pegar ou largar. Eu pego mas não vejo a hora de largar, enquanto isto brinco o jogo como se não conhecesse suas regras, como se não fosse responsável pelo seu conteúdo, como se não soubesse que tem volta.
Eu mordo, mastigo bem, a carne é dura, a idéia é que é macia. Sei que com o gosto “dela” nunca mais, por isto não me arrependo se cuspo fora depois, vá corromper outro eu digo. Eu falo mas só ajudo a espalhar o veneno – condeno, protesto, mas faço parte da mesma epidemia, todo mundo faz, acho que é tarde demais. Isto tudo que você chama de Ricardo Pereira é só nostalgia romântica. No íntimo eu sou um vira-lata. Vida-poema é só um nome mais elegante para vida-barata. Literatura do vivido? Vive-se e morre-se disso – esta a grande verdade. Não tem mais nada que eu não saiba e isto que chamam de experiência, de sabedoria, não tem a menor graça. Daria tudo para ser passado para trás pelo velho e idiota amor – logo eu que comecei a fogueira. Tive meus motivos, afinal quem entre vocês pode me dizer que sabe o quão profundo o seu punhal pode nos rasgar? Eu sei, eu tenho toda a resposta que eu preciso... para mim eu sou o único Deus, para mim eu sou todos os parâmetros, para mim eu sou todos as teorias na carne...
Agora eu quero nascer de novo e não consigo. Eu não vejo o azul que é o mar eu apenas prevejo os perigos. Eu sei o que me espera desde já por isto entro na selva mais violento que qualquer fera de lá. Eu devia estar nu, puro, o bom selvagem, como vim ao mundo (mas estou armado até os dentes, pintado para a guerra, o próprio homem-bomba) para que quando falasse em “amor” novamente pensasse em algo que não sei como funciona, como se pronuncia nem quanto tempo dura, porque é só assim que ele pode ser – enquanto isto não reinicia em mim só faço enganar o estômago com tudo o que é fast-food. Foto: Ricardo Pereira/modelo: Maíra pagando de vampira.