Sinto que lhe devo, gostaria de pagar. Não serve como desculpa eu sei, mas estava com a cabeça em outro lugar. Quando apareceu na minha vida, eu vinha de uma história mal resolvida, onde ainda lutava para ficar. Nada disto lhe dizia respeito, mas de alguma forma acabou atingida, porque merecia que eu estivesse com ela por inteiro e não apenas para curar uma ferida. Na cama era outro o corpo que eu amava, o seu apenas o substituía, o meu apenas representava, fazer amor doía, machucava. Não dei ouvidos ao que sentia por mim e, apaguei, assim, o brilho que produzia no seu olhar, a vontade de me beijar dos seus lábios, o homem pelo qual se apaixonava. Como convencê-la que não sou o mesmo de antes, aquele que não soube ser seu amante, que de forma tão fria fez pouco do que me oferecia, que deitado ao seu lado sentia que a cama continuava vazia, vazia? Não há perdão para o que fiz, nem é isto o que procuro, ela, provavelmente, já faz outro feliz e eu parte do passado. Convencê-la, então, não é o mais importante, convencer-me parece o mais adequado, de que não estou fazendo exatamente o mesmo com quem agora se deita ao meu lado. Foto dela: F. Weiller.