Em
janeiro já não exigíamos mais um do outro, mesmo assim resistimos até
fevereiro, estávamos tranquilos quanto ao fim, só adiávamos a última noite mais
um pouco. Em março senti sua falta, mas era algo que eu já previa, mesmo assim
levei abril inteiro em banho-maria, só me importava mesmo que a cama nunca
parecesse vazia. Em maio entendi que não era o suficiente, até conheci gente
interessante, mas nosso santo não batia, foi ficando difícil e eu preocupado
com o inverno que logo chegaria, em junho deixamos algumas questões de lado e
nos fizemos companhia. Durou até agosto a temporada de noites frias, em
setembro nos sentíamos mais amigos que qualquer outra coisa, uma pena que isso
nunca pode durar eternamente, porque tanto você quanto eu sabíamos que deveríamos
seguir em frente. Em outubro conversamos longamente, se entre nós não seria
assim para sempre? Se não viveríamos entre idas e vindas, intercalando outros
amores entre a gente? Em novembro ainda nos víamos, mas já não foi assim tão
frequente, dezembro chegou e não nos encontrou muito diferente de um ano
atrás, eu sem saber se acabou e você linda demais. Foto dela: Irina.
sábado, 20 de dezembro de 2014
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
chega a notícia
Tudo
parecia em seu lugar, mesmo o que fez falta um dia parecia tão distante que eu
sequer pensava na possibilidade de que ainda pudesse fazer tremer o mundo ao
meu redor, mas chega a notícia de que dentro de algumas semanas ela volta de
Londres e eu sinto que em quem me agarrei esse tempo todo não será o bastante.
Hoje eu abri uma gaveta onde suas lembranças estavam guardadas, seu cheiro
impregnou-me todo, não havia como disfarçar, sorria feito bobo. Não me deu
nenhuma indicação de que vamos retomar de onde paramos, afinal passaram-se
cinco anos, se tivesse ficado por aqui, talvez, nem tivéssemos sobrevivido, mas
como lidar com a sensação de que algo foi injustamente interrompido? Você
precisava partir, era uma oportunidade e tanto, eu te apoiei como se apoia
aqueles que sabemos que podem ir muito além de nós, sempre te achei uma versão
melhorada dos meus sonhos. Precisamos nos encontrar nem que seja para nos
afastar logo em seguida, para que cada um de nós possa seguir com a sua vida,
para que eu possa seguir com a minha vida, sem o peso do que poderia ter sido
toda vez que te visse. Foto dela: Irina.
quarta-feira, 9 de julho de 2014
entrelaçamos braços e pernas
Não, a gente não espera que nasça algo disso, estamos apenas damos “um tempo” um com o outro, seguimos abertos a tudo o que acontece ao nosso redor, nos fazemos companhia enquanto nada mais profundo nos atinge: é que quando começa a temporada de noites frias não dá para dormir só. Não precisa ser amor na maioria das vezes, até porque, na maioria das vezes, nem é amor realmente, apenas uma vontade de que nos esquentem, que vem desde nossos antepassados, homens das cavernas – e como ainda não inventaram nada melhor que o corpo humano, nem acredito que inventem, entrelaçamos braços e pernas. Gosto de você porque, como eu, é transparente, é honesta na hora de dizer o que sente, podia ser outro no meu lugar, também podia ser outra no seu, mas gosta que seja eu, porque a gente se entende. O inverno parece que promete, nós não prometemos nada, nem outra noite além desta, nem mesmo esta estava programada, aconteceu como acontecem as caronas na estrada, duas pessoas com o mesmo objetivo, passarmos ilesos por mais uma madrugada – de preferência, bem aquecidos. Foto dela: Lídia Sabini.
domingo, 16 de março de 2014
sei partir, sei me retirar em silêncio
Sei partir, sei me retirar em silêncio, prefiro assim quando de tão claro não se precisa dizer mais nada. Ainda que um pouco de si sempre se deixe, olho em volta para ver se não esqueci algo, como foi bom por exemplo, mas ‘como foi bom’ foi a primeira coisa a ser guardada. Achei maduro da nossa parte nos despedirmos com um beijo, ainda que bem diferente daqueles que a gente se dava, “você me liga?” e “eu te ligo” foram as nossas últimas palavras, ditas assim enquanto a porta se fechava. Mas continuaremos amigos, amigos que não precisam esconder tudo o que sentiram, mas que, talvez, precisem esconder o que ainda sentem até não sentirem mais nada, mas quanto tempo leva isso? – pergunto na volta para casa. Estranho que de uma história tão leve como a nossa carregue uma mala tão pesada, disse a mim mesmo tantas vezes que não era importante para só me dar conta agora do quanto importava. É que algumas decisões já estavam tomadas, independente do que acontecesse entre a gente, mas isso não significa que não passarei a madrugada imaginando como seria se pensasse diferente. Foto dela: Ká.
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