quinta-feira, 17 de março de 2011

menor que liechtenstein

Têm noites em que não tenho ninguém, mas mesmo assim você vem, como se me contasse uma história para dormir, cada detalhe guardado, como suas unhas me arranhavam, como meus poemas a tocavam, podia estar num escritório fechada, sem ar-condicionado, mas sentia cócegas como se estivesse em paris. Nem sempre o que a gente sente faz sentido, quase sempre só faz sentido para nós, os outros nos olham espantados, parecemos loucos quando começamos a ser feliz e não conseguimos parar. Um dia me peguei querendo fundar um país em nossa cama, menor que liechtenstein, mais fácil de pronunciar, cuja fronteira somente a gente pudesse ultrapassar, um regime soviético baseado em lennon, não em marx. Ninguém vai embora por completo, há sempre a possibilidade de que possa voltar, como no filme que acabou de passar, brilho eterno de uma mente sem lembranças. Contar é uma forma de resistir, escrever é uma forma de guardar, se meus poemas a tocaram um dia, quem sabe ainda possam te tocar. Foto dela: Alice.