sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
para guardar e ler
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
algo que você pudesse interpretar
domingo, 15 de maio de 2011
entre a gente
Você vai embora e eu fico sem cigarro. Queria que amor fosse só esticar o braço. Meu corpo é flexível, meu coração nem tanto, precisa aprender a viver sem você em cima, em baixo, de tudo o que é jeito que a gente inventou de fazer. Achei que não fosse importante, achei que não me arrependeria, não pesei direito o que sentia, pensei ‘um dia acaba como qualquer poesia’. Outros foram embora antes de você, outros que eu deixei, alguns de quem nem me lembro o nome, o que vieram fazer: se me diverti ou tive vontade de morrer. Sei que a porta se fechava e abria, a luz se apagava, o quarto escurecia, a gente se amava, a gente se despedia, dizia que se via e nunca mais se via, mas onde tinha de doer não doía, porque durava o tempo que tinha de ser. Mas sinto que entre a gente ainda não perdeu a validade, o que explica toda essa minha necessidade, ainda temos alguns dias antes do prazo vencer, algumas noites por assim dizer, vamos viver tudo o que há pra viver’*, tudo o que nos der vontade; te espero a hora que quiser aparecer, fico acordada até mais tarde, sonhando que te prendo entre as minhas côxas até quem sabe te convencer que não pode viver sem meu corpo em cima, em baixo, de tudo o que é jeito que a gente inventou de fazer. Foto dela: Mafer.
*(de Lulu Santos, Tempos Modernos)
quinta-feira, 17 de março de 2011
menor que liechtenstein
terça-feira, 8 de março de 2011
enquanto não conhecemos ninguém
A gente não volta, não exatamente, apenas sente falta e se pergunta por que não. Conheço tua cama, de que lado você dorme, como desperta de manhã, seu mau-humor nos primeiros minutos. Podemos ser só amigos, podemos ser mais do que isso, ninguém precisa saber que ainda nos vemos, que é só enquanto não conhecemos ninguém. Mas hoje eu não posso, amanhã até pode ser, então você tem um ataque de ciúmes, como aqueles que costumava ter, desliga, não quer mais saber. Minutos depois me liga de volta, diz que é uma louca, que não tem nada a ver, que está a minha espera, na hora em que eu quiser aparecer, mas não vestirá nada especial, mesmo que vestisse eu fingiria não perceber, tenho uma história para cada um de seus vestidos, para cada noite que despi você. Não precisa mais me mostrar o caminho, posso escrever um manual de como te enlouquecer, que parte de você prefere um carinho e onde posso morder. Mas nada será como antes, nem precisa ser, já tivemos amor o bastante, só queremos nos aquecer, ainda mais com esse friozinho que começou a fazer. Foto dela: Valeria.