domingo, 5 de abril de 2009

às vezes nos encontramos, outras não

"... we can talk about the streetlights..."
(Josh Rouse)
Elas estão por toda parte, às vezes nos encontramos, outras não, nunca se sabe. Pode ser que ela não tenha lido todos aqueles livros apenas para conversar sobre eles comigo durante toda uma tarde, mas gosto de pensar que sim, descobrimos que temos gostos parecidos, autores preferidos quase que pelos mesmos motivos e a gente se apaixona por isso e as coisas acontecem naturalmente, como se tivessem de ser daquele jeito, exatamente. Não se pode prever quando nos encontraremos, naquela tarde eu só tentava me esconder da chuva que começara de repente, entrei no primeiro café que vi pela frente e lá estava ela lendo Anna Karenina compenetradamente, não pude deixar de lembrar que foi assim que Tomás conheceu Tereza em A Insustentável Leveza do Ser, eu tinha que dizer-lhe aquilo, ela sorriu, sabia da história, andava com aquele Tolstói de cima para baixo propositadamente, a espera de que as coisas acontecessem naturalmente, como se tivessem de ser daquele jeito, exatamente. E descobrimos que estivémos nas mesmas festas, num show do Josh Rouse, a ponto de nos tocar, só ficou faltando um amigo que pudesse nos apresentar - e quem sabe essa noite já tivesse acontecido muito mais vezes do que a gente possa imaginar, mas esta noite ainda está tomando um capuccino em algum lugar, esperando que a chuva comece de repente, esperando que eu entre no primeiro café que veja pela frente e que você olhe na direção da porta toda vez que ela se abre, às vezes nos encontramos, outras não, nunca se sabe. Foto dela: Monalise.