Respeito quando se afasta. Aceito quando volta. Deixo à mercê do seu desejo. Se é amor ou não para o meu corpo pouco importa. Ela tem a vida dela, entro até onde me deixa, não forço a barra, nem faço queixas. Gosto de ser um segredo seu, que ela não conta pra ninguém, se eu não a tenho por inteira, ela também não me tem, mas mais do que eu ninguém teve dela e isto já me convêm. Sou para onde ela foge, quando o resto perde o sentido, se ela quer colo sou amante, se quer gritar sou todo ouvidos. No fundo é isso que buscamos, nos vícios em que nos afundamos, que nos ampare quando desmoronamos, que nos erga quando caídos. Se não fosse em mim buscaria em outro, não sou melhor do que ninguém, por isso não me vanglorio, faço o que está a meu alcance esperando lhe fazer bem. De manhã ela pode se vestir apressada, não dizer adeus nem nada que tudo bem, eu não a amarei se não é isto o que procura quando se deita com alguém. Trocarei os lençóis, a fronha do travesseiro, lavarei os copos, limparei os cinzeiros, como se a noite de ontem não tivesse acontecido, sou para onde ela foge, quando o resto perde o sentido. Foto de Joana Taube.
domingo, 18 de novembro de 2018
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