Tinha vinte e nove anos quando ela partiu. Depois disso nunca mais me envolvi com ninguém completamente. Estive em inúmeras camas, só de corpo presente. Peço desculpas por isto. Principalmente às que não perceberam. Em nossa última conversa fizemos planos. Nunca mais fiz planos com ninguém. O futuro não é certo como aprendi aquele dia – quando voltei para a casa para onde a gente se mudaria e dei de cara com as nossas fotografias. As poucas que fizemos em um ano e meio. Ela queria registrar tudo, eu era mais reticente. Acreditava que duraria para sempre, que não precisávamos gastar filme com algo que era tão presente. Hoje não acredito em nada que pareça para sempre, não digo que amo nem gosto de ouvir, peço desculpas por isto, a todas que me disseram, a todas a quem queria ter dito. Dediquei a ela minha última poesia. Depois disso eu só me repetia. Conquistei com versos que nada diziam. Peço desculpas por isto também: a todas as mulheres que não amei como mereciam. Muitas perdi, algumas preservei: amigas queridas na noite comprida. Na modernidade líquida me agarrei, nos amores líquidos, queria ser diferente, mas não sei. Foto dela: Liliann.
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