Mas não me olhe assim como quem precisa se explicar, o que aconteceu fica entre a gente, não deixa esse quarto, se pedir mais podemos conversar, mas se considerar que uma noite foi o suficiente, entenderei perfeitamente, sei tudo o que tem passado, sentido, guardado, que ontem precisava mais do que de um simples confidente e que como era eu quem estava, como sempre, ao seu lado, foi me dado este presente. Mas não me olhe assim como quem precisa se vestir depressa, chamo um táxi se quiser, mas o que eu queria mesmo era te preparar o café, fazer você entender que a noite passada não muda nada entre a gente, se ela durou exatamente o que tinha de durar. Mas não me olhe assim como se tivesse me usado, aqui nessa cama não há inocente nem culpado, tudo o que você me deu eu já havia desejado, embora temesse que quando acontecesse pusesse fim ao que tínhamos antes – quantos bons amigos deixaram de sê-lo após se tornarem amantes? Mas não me olhe assim como se tivesse de tomar uma decisão, hoje é domingo pede cachimbo, o que for melhor para o que está sentindo tem a minha aprovação, se for para te ver sorrindo sem esse ar de preocupação. Foto: F. Weiller.
domingo, 7 de fevereiro de 2016
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