A verdade é que a gente já se acostumou com o corpo um do outro. Isto de saber onde tocar, onde mergulhar, o que não precisa mais consentimento. Intimidade assim leva tempo, não se consegue da noite para o dia, tanto que quando ela me diz que está a caminho, minha pele já se arrepia. Combinamos que não seria sério, seria algo que não nos preocuparia, podemos ser só dois bons amigos, podemos ser bem mais do que isso, não sabemos quando nem como vai acontecer, mas depois que acontece, nos entreolhamos sem nada dizer – nos perguntando se é certo, se agimos errado, sabemos apenas que é bom, dificíl ficar sem. Estamos sempre retomando de onde paramos, enquanto outros passam por nós, com suas idéias de amor diferentes da nossa, que às vezes quase nos convencem. Ela diz que não pode ficar mas fica, não conseguimos nos desvencilhar simplesmente, o que acontece entre nós nunca se explica, sempre mudamos de assunto quando o assunto é a gente. Quando vê já passou da sua hora, veste-se depressa, precisa ir embora, não sabe quando volta, sabe que vai voltar, sente que o fará eternamente. A verdade é que a gente já se acostumou com o corpo um do outro. Difícil ficar sem. Foto dela: Ana Martins.
terça-feira, 20 de julho de 2010
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