Acontece que a gente não joga tudo fora, sempre guarda alguma coisa, um pedaço de papel por menor que seja, o primeiro verso que me veio a cabeça. Fui te ver achando que não a reconheceria mais como se tivesse passado anos, mas me lembrei de cada segredo que seu corpo disse ao meu, é impossível não ver um filme passando toda vez que nossos olhos se encontram, nem se perguntar porque sua boca não toca mais a minha quando seus lábios se aproximam do meu rosto - ainda posso sentir o gosto. Cheguei mesmo a pensar que não, mas ainda podemos conversar durante horas: não esgotamos todos os assuntos; não é porque não dormimos mais juntos que não quero saber a sua opinião, não demora e estamos num canto isolados do restante da festa, imaginando o que estarão pensando, rimos daquilo, rimos e não rimos, não chegamos a uma conclusão definitiva a respeito do que 'ainda' sentimos - como se o que 'ainda' sentimos pudesse ser só uma embriaguez, uma música que ouvimos, um comichão. Confesso que só vim porque achei que viria, foi assim que me convenceram, se saísse com a V... com quem você acha que eu a ficaria comparando, ela não merece isso: é doidinha, me faz rir, até que está se esforçando. Estou tentando escrever sobre ela em cima daquilo que escrevi sobre você, mas é difícil cobrir todas as linhas, ainda não tem a mesma poesia - às vezes, interrompo o que estou fazendo e fico te lendo como só eu te via - pena que ninguém mais vai saber. Uma noite eu queria que sentássemos e conversássemos, não da vontade que temos de fazer porque a vontade que temos de fazer é a mesma vontade de fazer que todo mundo tem em noites como esta, mas sobre o que deixou em mim que eu queria saber se existe como devolver, já que não consigo mais 'tocar' ninguém sem lembrar que não 'toco' mais você. Foto: Ricardo/ dela: Carla.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
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