domingo, 2 de agosto de 2020
promete que vai sobreviver
domingo, 10 de novembro de 2019
não há dor
segunda-feira, 15 de julho de 2019
adultos são assim
sábado, 8 de junho de 2019
aquela noite
sábado, 6 de abril de 2019
a mulher que eu mais amei
domingo, 24 de março de 2019
só eu preciso saber que estiveram aqui
domingo, 18 de novembro de 2018
sou para onde ela foge
sábado, 3 de março de 2018
gatos escaldados
domingo, 20 de agosto de 2017
uma noite ou outra
Depois do café decidimos que é melhor manter tudo como está, nem ela nem eu queremos perder o controle sobre nós mesmos, se é bom quando ela vem aqui não é uma solidão quando não, afinal o que é sentir falta quando se sabe onde procurar? Pode parecer que não temos nada, mas a verdade é que não precisamos de muito, eu tenho uma vida onde ela seria demais, na dela eu ficaria sem assunto. Por isto que nossos planos para o futuro se limitam a voltarmos a dormir juntos. Hoje não dá, amanhã é possível, me liga, te ligo. Nunca farei o pedido, ela não tem nenhuma esperança neste sentido; se quiser filhos é livre para tê-los e existem outros homens para isto, eu já não sinto a menor vontade de legar a ninguém a minha hereditariedade. Visto de fora não parece amor, visto de dentro satisfaz nossas necessidades. Foto dela: M. Palmieri.
sábado, 11 de março de 2017
quarto e sala
terça-feira, 22 de novembro de 2016
desculpas
domingo, 23 de outubro de 2016
você não precisa de mim
para helena m.
domingo, 26 de junho de 2016
o meu aprendizado
domingo, 7 de fevereiro de 2016
hoje é domingo
sábado, 31 de outubro de 2015
sinto que lhe devo
terça-feira, 15 de setembro de 2015
de noite
quinta-feira, 9 de julho de 2015
idas e voltas
quinta-feira, 2 de abril de 2015
para que lado olhava que não te via?
sábado, 20 de dezembro de 2014
retrospectiva
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
chega a notícia
quarta-feira, 9 de julho de 2014
entrelaçamos braços e pernas
domingo, 16 de março de 2014
sei partir, sei me retirar em silêncio
domingo, 13 de outubro de 2013
não guardo rancor, só amor
domingo, 15 de setembro de 2013
"te soltar mesmo querendo te prender"
domingo, 25 de agosto de 2013
tudo se transforma
domingo, 30 de junho de 2013
você veio
quinta-feira, 30 de maio de 2013
ela não queria se envolver
sábado, 30 de março de 2013
só pensando como foi bom
domingo, 17 de março de 2013
para começar numa outra cama
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
hoje eu queria te dizer isso
domingo, 20 de janeiro de 2013
tudo o que é sólido desmancha no ar
domingo, 23 de dezembro de 2012
apenas uma noite
domingo, 18 de novembro de 2012
de volta ao que já sabemos
sábado, 13 de outubro de 2012
ainda me perguntam de você
sábado, 15 de setembro de 2012
na noite em que ela fez 29 anos
domingo, 26 de agosto de 2012
ainda que não mais nos vejamos
domingo, 27 de maio de 2012
fique o tempo que quiser
sábado, 11 de fevereiro de 2012
sempre que ouvir chet baker

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
para guardar e ler
Quando ela disse ‘vinte’ eu mudei de assunto, não havia esperança alguma para nós, só havia hoje, aquela noite, o livro que me pediu emprestado, disse que podia levar, que não precisava devolver, era um presente, algo de mim que ela podia ter, para guardar e ler. Gosto de permanecer assim em alguém, como algo que ainda tem significado, mesmo que seja uma música que há muito se parou de escutar e que de repente começa a tocar do outro lado do bar – sei que ela samba, sei que no seu íntimo me tira para dançar. Às vezes me escreve, cartas que eu gostaria de ter escrito, com aquele seu jeito de contar que parece riobaldo, diz que muda para São Paulo, que passa umas noites no meu sofá, que fez uma tatuagem onde disse que faria, que trocou o direito pela dramaturgia, o silêncio pela vontade de gritar. Pede o meu número de telefone de novo, mas nunca que me liga da rodoviária dizendo que acabou de chegar, que trouxe consigo uma mala pequena, cheia de poemas que ela tentou, mas não conseguiu sufocar. A última notícia que tive dela foi que fugiu com o circo, o que eu aprovo com um sorriso, imagino ela com seu nome de trapezista fazendo piruetas no ar. Foto: Paula Repezza/ ela: Polly Di.sexta-feira, 2 de setembro de 2011
algo que você pudesse interpretar
Com quantas mulheres estive depois de você? Com quantas delas estive a ponto de lhe esquecer? Com quais delas queria acordar esta manhã? São perguntas que espalho pelo quarto, tentando entender aquele cenário, que a luz do sol, aos poucos, ajuda a esclarecer. Por onde andou todo esse tempo? Em quantas camas me esqueceu? Em quantas não conseguiu dormir? Você que é só esticar o braço, você que disse que não podia ficar, você que eu nem precisei convencer. Parece que nossos corpos retomaram uma velha conversa, como atores de volta ao mesmo palco para a mesma peça que é o amor como conhecemos, sem maiores explicações para dar. É como se tudo estivesse de volta no seu lugar, mesmo que pareça de pernas para o ar, esta minha vida que você insiste em (des)arrumar, com seu jeito todo próprio de decorar. Não sei o que dizer quando acordar, se tento lhe prender ou devo lhe soltar – você que já foi embora por aquela porta e que já decidiu por si própria retonar, mas eu queria deixar um gesto, um olhar, algo que você pudesse interpretar como sendo aqui desse lado esquerdo onde sua cabeça repousa terá sempre um lar. Foto dela: Mariza. domingo, 15 de maio de 2011
entre a gente
para tatianaVocê vai embora e eu fico sem cigarro. Queria que amor fosse só esticar o braço. Meu corpo é flexível, meu coração nem tanto, precisa aprender a viver sem você em cima, em baixo, de tudo o que é jeito que a gente inventou de fazer. Achei que não fosse importante, achei que não me arrependeria, não pesei direito o que sentia, pensei ‘um dia acaba como qualquer poesia’. Outros foram embora antes de você, outros que eu deixei, alguns de quem nem me lembro o nome, o que vieram fazer: se me diverti ou tive vontade de morrer. Sei que a porta se fechava e abria, a luz se apagava, o quarto escurecia, a gente se amava, a gente se despedia, dizia que se via e nunca mais se via, mas onde tinha de doer não doía, porque durava o tempo que tinha de ser. Mas sinto que entre a gente ainda não perdeu a validade, o que explica toda essa minha necessidade, ainda temos alguns dias antes do prazo vencer, algumas noites por assim dizer, vamos viver tudo o que há pra viver’*, tudo o que nos der vontade; te espero a hora que quiser aparecer, fico acordada até mais tarde, sonhando que te prendo entre as minhas côxas até quem sabe te convencer que não pode viver sem meu corpo em cima, em baixo, de tudo o que é jeito que a gente inventou de fazer. Foto dela: Mafer.
*(de Lulu Santos, Tempos Modernos)
quinta-feira, 17 de março de 2011
menor que liechtenstein
terça-feira, 8 de março de 2011
enquanto não conhecemos ninguém
A gente não volta, não exatamente, apenas sente falta e se pergunta por que não. Conheço tua cama, de que lado você dorme, como desperta de manhã, seu mau-humor nos primeiros minutos. Podemos ser só amigos, podemos ser mais do que isso, ninguém precisa saber que ainda nos vemos, que é só enquanto não conhecemos ninguém. Mas hoje eu não posso, amanhã até pode ser, então você tem um ataque de ciúmes, como aqueles que costumava ter, desliga, não quer mais saber. Minutos depois me liga de volta, diz que é uma louca, que não tem nada a ver, que está a minha espera, na hora em que eu quiser aparecer, mas não vestirá nada especial, mesmo que vestisse eu fingiria não perceber, tenho uma história para cada um de seus vestidos, para cada noite que despi você. Não precisa mais me mostrar o caminho, posso escrever um manual de como te enlouquecer, que parte de você prefere um carinho e onde posso morder. Mas nada será como antes, nem precisa ser, já tivemos amor o bastante, só queremos nos aquecer, ainda mais com esse friozinho que começou a fazer. Foto dela: Valeria.
domingo, 5 de dezembro de 2010
ainda gosto dela
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
eu não me arrependo de você
Nada do que você me disser vai mudar o que tivemos: as noites em que me fez feliz, as manhãs em que não quis me acordar, o seu beijo antes de partir, o seu beijo depois de chegar, o peso do seu corpo contra o meu, aquela vez sobre a mesa do jantar, só de lembrar minha pele arrepia e esse arrepio é mais forte do que eu, não tem como dizer que não aconteceu. Eu vou saber guardar, tenho uma gaveta para coisas assim, cheia de versos que esqueceram que escreveram para mim. Não vejo razão em discutir, aceito se diz que é o fim, só que parece que é você quem está tentando se convencer, mas se te faz bem pode falar, daqui a pouco saio para dançar, nem faz idéia do efeito que a música tem sobre mim. O que for seu pode levar, o que me deu não tem como voltar, faz parte da nossa história, fica vivo em algum lugar, pode ser que um dia bata de novo na minha porta e que eu até te deixe entrar, numa noite que de tão sozinho não importa com quem se está. Não me arrependo daquilo que faço, se fiz o que queria fazer, gostei de milhões de pessoas, também gostei de você, não será a primeira nem a última que eu saberei esquecer. Foto dela: Raluca.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
esta noite e quantas mais tivermos
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
microcosmo
Fingi que dormia, ela se movia pelo quarto sorrateira, devagar, não queria me acordar, pensava no que me diria além de ‘bom dia’, mal sabia como tinha vindo acabar naquele lugar. Lembrava-se de uma festa, da banda que tocava, de que ria e não conseguia parar, que ‘barba por fazer’ a enlouquecia, depois que me mordia, que meu corpo a prendia, que não queria se soltar – e de como tudo isso lhe parecia agora tão distante: sabia quem era a mulher que se vestia, mas não se reconhecia na mulher de antes, ainda que esta lhe parecesse bem mais interessante. Eu não tinha como ajudá-la, não a conhecia, embora ela não me fosse de toda estranha, talvez até já a tivesse trazido uma noite para cá, a música estava alta, não ouvia direito o que me dizia pouco antes de começar a me beijar. Ela me observava em pé ao lado da cama, pensava como de costas parecia-lhe com todos os homens com que já esteve, ainda mais quando não se lembrava de seus rostos, embora sua boca ainda guardasse o meu gosto. Tirou um pedaço de papel da bolsa, mas nada escreveu, conferiu se havia esquecido algo, mas nada esqueceu. Fechou a porta atrás de si e saiu, ainda vi quando seu táxi dobrou a esquina e sumiu, pensava que se a visse novamente não sei se a reconheceria e que, talvez, aquela noite se repetisse infinitamente entre a gente como algo me dizia já se repetiu. Foto dela: Ana Martins ‘na ponta dos pés’. terça-feira, 20 de julho de 2010
difícil ficar sem
A verdade é que a gente já se acostumou com o corpo um do outro. Isto de saber onde tocar, onde mergulhar, o que não precisa mais consentimento. Intimidade assim leva tempo, não se consegue da noite para o dia, tanto que quando ela me diz que está a caminho, minha pele já se arrepia. Combinamos que não seria sério, seria algo que não nos preocuparia, podemos ser só dois bons amigos, podemos ser bem mais do que isso, não sabemos quando nem como vai acontecer, mas depois que acontece, nos entreolhamos sem nada dizer – nos perguntando se é certo, se agimos errado, sabemos apenas que é bom, dificíl ficar sem. Estamos sempre retomando de onde paramos, enquanto outros passam por nós, com suas idéias de amor diferentes da nossa, que às vezes quase nos convencem. Ela diz que não pode ficar mas fica, não conseguimos nos desvencilhar simplesmente, o que acontece entre nós nunca se explica, sempre mudamos de assunto quando o assunto é a gente. Quando vê já passou da sua hora, veste-se depressa, precisa ir embora, não sabe quando volta, sabe que vai voltar, sente que o fará eternamente. A verdade é que a gente já se acostumou com o corpo um do outro. Difícil ficar sem. Foto dela: Ana Martins. segunda-feira, 17 de maio de 2010
o passado
Você já me perdeu e me encontrou mais de uma vez. A gente já se reconheceu e fez que nunca se viu. Eu já bati na sua porta e você fingiu que não tinha ninguém. Você ainda guarda os meus poemas porque lê-los, às vezes, lhe faz bem. Eu deito na minha cama esperando quem não vem. Você se despe no seu quarto imaginando para quem. Quando toca a nossa música, muda de estação e eu também. Esqueci seu livro preferido, mas depois eu me lembrei. E li ele inteiro novamente para descobrir por quê. Estaciona em frente do meu prédio como se viesse me ver. Pergunta o que deu errado como se já não tivesse tentado responder. Comprei um de seus quadros, mas dei um nome nada a ver. Pendurei na minha sala, mas isso nunca vai saber. Você é muito mais artista do que eu jamais vou ser. Reduzo-me à minha insignificância escrevendo versos para você. Peço que publiquem só depois que eu morrer. Até lá é como se não tivéssemos mais nada para dizer. Acha que estou apaixonado por toda mulher com quem me vê. Mais até do que estive, algum dia, por você. Mas o que era para ser seu já lhe foi dado, igual nenhuma vai ter. Quem fez parte do nosso passado, nunca vai deixar de fazer. Imagem: Mariana Anghileri e Gael Garcia Bernal em cena do filme “O Passado”(2007, Hector Babenco). terça-feira, 27 de abril de 2010
fazia tempo que eu não vinha aqui
Fazia tempo que eu não vinha aqui. Acho que pelo motivo errado, quando você cisma com algo não quer ouvir o outro lado, então a deixei falando sozinha e, pela mesma porta que entrei, saí. Não repare a bagunça, você diz. Uma taça esquecida sobre o aparelho de som: pergunto-me quanto teria bebido, que disco havia escutado até o fim, o que passava pela sua cabeça, que filme projetava no teto, será que apagou as luzes e se deixou ali? A cidade ainda é a mesma da sua janela, é o que observo, disse-lhe o nome de todas as ruas que podia se ver daqui, que caminho teria de fazer até a universidade, a estação de metrô mais perto – e até uma fita cassete com as músicas que deveria ouvir durante o trajeto, eu fiz. Você mudou o pano do sofá, a estante de lugar, tem um óleo sobre tela onde havia um cartaz de Fale com Ela, mas o cheiro ainda é o mesmo, dos seus incensos, das suas velas, que eu quase me convenço que foram acesos à minha espera. Eu sabia que me convidaria para subir, você que eu aceitaria, o que mais podemos fazer aqui se não colocarmos ‘o que sentimos’ em dia. Foto: Ricardo/ dela: Duda. 























